Estava aqui trocando de canal para saber o que acontecia depois da
novela da Bicha Má que agora está boazinha. Como resolvi que não iria pagar
para ficar parada na frente da TV, me contentei em comprar uma antena que capta
os canais HD disponíveis. O resultado disso é meia dúzia de canais abertos.
Acredito que graças a isso eu deva ter elevado consideravelmente, ainda que por
alguns segundos, a audiencia de alguns canais que devem ser vistos apenas pela
família do apresentador.
Num desses canais, cantava-se Noite Feliz (ai...) em alguma língua
nórdica. Eu suspeito que as canções de natal foram inventadas por fabricantes
de anti-depressivos. Me dão uma deprêeeeee do cão. Isso me fez lembrar dos
últimos natais passados lá pelos confins da África. Pelas ruas, nada de
papai-noel, enfeites (a não ser os levados pelos que vieram de outros cantos da
terra), de corridas frenéticas aos shoppings, até porque isso não havia por
onde eu estava. Por outro lado, a missa está garantida. Afinal, um bispo lá
pelo século V, acho (não, não vou pesquisar no “gúgou”), determinou que a
partir dali o dia 25 de dezembro seria o aniversário daquele moço cabeludo que
há mais de dois mil anos lutava contra as injustiças sociais, pedia igualdade e
respeito e que nos dias de hoje corria o risco de tomar spray de pimenta na
cara. Bom, pensando bem, não foram menos bonzinhos com ele.
Quando me perguntavam por lá qual era minha religião, eu prontamente
respondia: “No Brasil somos católicos”. Com essa, eu me safava de maiores
questionamentos sobre os caminhos tortuosos que segui para hoje não seguir
nenhuma religião. Por mais que inveje e cobice àqueles que encontram facilmente
suporte e apoio em suas crenças e por mais que eu as respeite, eu mesma contemplo
tudo à distancia. Claro, por ter crescido num país católico e ter estudado os
primeiros anos do meu ensino fundamental (era primeiro grau no meu tempo, cof
cof) em uma escola católica que me ensinou a rezar, me garantiu batizado e
primeira comunhão, não pude evitar recentemente de fazer o sinal da cruz quando
estava em um carro cujo motorista resolveu fazer um retorno em local para lá de
indevido.
As estações de metrô de São Paulo, até um certo período, privilegiavam
em sua maioria os símbolos católicos da região de cada uma para dar-lhes nome:
Conceição e Saúde, pelas igrejas, Santa Cruz, Paraíso, São Joaquim, Sé, São
Bento, Luz (também pela igreja), Santana, Jardim São Paulo, Santa Cecília,
Belém, Sumaré (a igreja outra vez). As mais novas, com exceção da Consolação, é
que passaram a ter nome de alguma outra referência e assim o metrô tornou-se
mais laico. No Rio é tudo mais simples, dá-se o nome do bairro e ponto.
Embora mais laico, há alguns anos a influência de algum poderoso deu o
nome de Corinthians-Itaquera a uma das estações de São Paulo. É aí que entra a
política. Alguns anos depois, Barra Funda tornou-se Palmeiras-Barra Funda,
Tietê ficou sendo Portuguesa- Tietê e a estação Imigrantes passou a chamar-se
Santos – Imigrantes (embora o estádio da Vila Belmiro fique uns bons setenta
quilômetros dali). O pessoal da Moooooca, que tem o Juventus como time do
coração, contentou-se em mudar o nome da velha estação Brás para Brás-Mooca, já
que a Mooca é uma nação à parte e representa por si só tudo o que faz parte
dela. E assim, o metrô de São Paulo deixou a igreja para entrar nos estádios.
Mas por quê ficar falando do metrô de São Paulo? É que logo mais estou lá
para passar o Natal, ainda não comprei presente para ninguém, vai ser aquela
correria nas ruas e nas lojas, o metrô vai estar lotado com todos os seus
santos e pagãos. Tudo isso para depois contar os dias para o ano da Copa do
Mundo em nossa pátria amada, idolatrada, salve salve.
Não há cristo que aguente! Amém.
Entre as estações República e
Anhangabaú. Sob a terra.
Quando eu sair do lado de lá,
pouca coisa nova.
Mas tenho me sentido bem nesses 2
dias de refúgio.
Os dias quentes e ensolarados no
meio do inverno
ajudam a garantir o astral.
Sé, preciso descer
(12/08/2006)
Nenhum comentário:
Postar um comentário