terça-feira, 17 de maio de 2011

Algo que já estáva escrito

Ontem pela manhã havia saido para passear por Jinja e entrei em uma loja que sem dúvida alguma pertencia a um indiano. A música estava ali, a cara também. Comprei incensos, pois só me restavam 4 para três meses de trabalho pela frente. Isso me fez lembrar de algo que eu escrevi depois de ter ido à India, em Novembro de 2009, a pedidos da Lu, mas que nunca enviei. É a primeira parte porque havia muito que dizer, escrita quando eu ainda estava em Tegucigalpa. A segunda, escreverei no aqui e agora, em outro momento.

Orientando-se no Oriente – Uma pequena viagem à India – I Parte

Ouço uma fita K7 velha com musicas ainda mais velhas que ganhei de uma amiga que graças ao seu nome único, facilitou o reencontro uma década depois e para melhor, pois aí sim veio uma grande amizade. As sobras do peru de natal esperam por alguma ideia criativa de receita para terem mais uma oportunidade de deleite e há a promessa de contar a esta mesma amiga um pouco de meus misturados sientimentos por minha passagem pela India, um país ao mesmo tempo tão rico e tão pobre, ao menos para os treinados olhos de uma cidadã de uma megalopole do lado ocidental do planeta. Este é meu cenario e enquanto viro a fita (esta noite sonhei que tentava loucamente comprar um iPod!), me inspiro para escrever sobre minhas impressões do Oriente.

Enquanto Jefferson Airplaine canta, viajo a Goa, uma pequena parte da India colonizada por portugueses que nos anos 60 foi um dos paraísos hippies e portanto, a chance que 40 anos antes algum gringo vestido de blusas tingidas e com o cabelo longo voando com as brisas do Oceano Indico também ouvia algo parecido. Minha viagem começou 48 horas antes em Tegucigalpa, Honduras, onde trabalharei até fevereiro e onde um recente golpe de Estado (há quem diga que não foi) também ameaçou um retorno aos 60. O avião (o quinto do percurso) primeiro pousou em Mumbai (eu ainda prefiro o antigo nome Bombaim) e do alto, era possível ver uma favela incrivelmente imensa, com muitas casas protegidas por lonas de plastico azuis e me lembrei que foi ali que fizeram o filme alardeado pelo premio Oscar «Slumdog Millionaire» e que eu ainda não vi, porque aqui em Tegucigalpa os filmes mais razoaveis não ficam mais de uma semana em cartaz. Mumbai também é a terra de Bollywood e a industria do cinema indiano, dentro da sua proposta muito relacionada aos costumes e fantasias locais, nada deve à industria norteamericana. São filmes cheios de música, cores, estrelas de cinema e romances sem beijos que são o entretenimento favorito de 10 entre 10 indianos.

Cheguei em Goa algumas horas depois, do aeroporto ao hotel, onde haveria uma festa de aniversario de casamento. É impressionante o valor que dão às cores nesse país, à decoração cheia de flores e luzes e aos elegantes saris que as mulheres usam para ocasiões especiais. Nos dias seguintes conheci outras pessoas, vi o respeito entre o sem número de costumes e crenças, vacas sagradas disputando espaço nas vias com carros que são dirigidos à moda inglesa, comi uma diversidade de comida que não posso dizer o nome, mas que invariavelmente apimentadas, demostram uma grande criatividade em fazer deliciosos pratos com alguns legumes e temperos que nos permite entender porque séculos atras as especiarias eram o principal alvo dos navegadores.

E como estar na India e não ir a um templo hindu? Foi outra experiencia que me fez sentir toda minha ignorancia, graças ao conflito entre querer demonstrar respeito ao lugar e aos seus devotos (hum, por que não encontro uma palavra menos católica?) e entrar no templo dedicado a Mangueshi, encarnação de Shiva sem ter a menor idéia de como proceder. Uma coisa que eu adorei foi a obrigação de tirar os sapatos, adoro andar descalça. Ali dentro sentei no chão e fiquei contemplando as imagens, a decoração prateada, as flores das oferendas, a água que cada um tomava ao chegar ao altar (será esse o nome?), a imagem de Shiva protegida atras de um portão onde só os sacerdotes (sera este o nome?) podem entrar e ouvia o mantra que era reproduzido do lado de fora. Saí com a reafirmação de que ter algo a aprender é infinito pois me dei conta de que nada sabia da religião hindu e de seus rituais. Uma verdadeira ignorante!

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