terça-feira, 17 de maio de 2011

Quando a temperatura sobe

Ontem descobri que estou com malária. Assumi o risco e a teimosia ao deixar de tomar a profilaxia e isso representará uma boa comida de rabo quando eu retornar ao trabalho. Mas o fato é que se não fosse isso, não teria iniciado esse blog. Provavelmente, teria muitas fotos do rio Nilo em diversos ângulos, dos vales, do movimento na cidade, mas a última foto que tirei foi justamente do resultado positivo para meu exame como uma boa recordação deste que é praticamente um batizado nesse meu trabalho.

E como a febre talvez tenha me provocado alguns delírios, resolvi comparar sem alguma modéstia este evento, o de estar doente e começar a escrever, com alguns grandes mestres da literatura. A tuberculose, por exemplo, rendeu uma boa quantidade de poetas românticos, e a sífilis inspirou um dos grandes clássicos da literatura de horror, Drácula, de Bram Stoker, sem falar que essa doença também andou rodeando Arthur Conan Doyle, o criador de Sherlock Holmes. Até Antonio Fagundes conta que depois de um longo periodo acamado começou a ler intensamente e resolveu ser ator. Não que eu queira compara-lo com Augusto dos Anjos, já que eu só consigo imagina-lo como empresário ou dono de fazenda e com algum esforço, lembro-me que ele já foi motorista de caminhão. Fazendo um esforço ainda mais descomunal, consigo lembrar que ele apresentava um programa bacana chamado “Quem sabe, sabe”. Mas deixemos de nos esforçar e voltemos ao que interessa.

Pois bem, aqui estou eu, com uma febre que veio e foi várias vezes esses dias e que me desmotivou a explorar esse rincão da África, me fazendo preferir ficar quieta e para me recuperar do que até então eu pensava ser um resfriado. E ficando quieta, resolvi enfim dar forma às palavras e usar a tecnologia ao alcance para realiza-lo: meu computador e um blog. Sempre fui meio reticente porque afinal, sempre achei que me lancaria no mundo literário indo diretamente para a banca de best sellers, mas resolvi baixar um pouco a bola e escrever o blog, ainda que eu não goste, dentro desse meu febril delírio megalomaníaco, da idéia de que ele será apenas mais um blog perdido no vasto mundo internautico. Mas um dia a febre passa e eu provavelmente continuarei a viajar, em vários sentidos e portanto, não resistirei em deixar algo mais perdido por aqui.

PS.: Embora estes primeiros textos apareçam todos na mesma data, foram escritos em momentos diversos nesses ultimos 4 dias. Preferi acumular um pouco mais antes de deixa-los voar.

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